A zika é mais uma doença transmitida pelo Aedes aegypti.
O inimigo tem meio centímetro, mas luta como um gigante. A guerra do Brasil contra o mosquito da dengue tem mais de um século. Nas primeiras batalhas, as brigadas sanitárias, sob o comando de Oswaldo Cruz, conseguiram erradicar a febre amarela urbana, transmitida pelo Aedes aegypti.
O Brasil chegou a ser decretado livre destes mosquitos duas vezes, entre as décadas de 50 e 70, mas eles voltaram ainda mais fortes. Nunca estivemos tão em desvantagem nesta guerra.
Hoje, eles estão espalhados por todos os estados, capazes de abrigar seis tipos de vírus e de transmitir três doenças.
O zika vírus é o mais novo hóspede conhecido do Aedes. Provoca uma febre mais baixa, até 38° e, com frequência, as manchas vermelhas na pele.
O vírus chikungunya provoca febre alta e dores intensas nas articulações, que em alguns casos continuam até dois anos após a fase aguda. E pode até matar.
A doença mais letal é a dengue, transmitida por quatro vírus diferentes. Causa febre alta, desidratação, alterações no sangue e, na forma mais grave, hemorragia.
“Não há um medicamento que seja dado para tratamento do vírus. O que a gente faz é reduzir os sintomas, tirar os sintomas da pessoa, evitar as complicações das doenças e aguardar que o próprio organismo resolva a infecção”, diz o infectologista do INI/Fiocruz José Cerbino Neto.
A única prevenção é o combate às fêmeas do Aedes. Só elas transmitem o vírus. E veja como são poderosas: elas espalham os ovos por vários lugares e gostam de experimentar o sangue de várias vítimas.
“A fêmea do Aedes é capaz neste período, de picar cinco pessoas, por exemplo. E se essa fêmea estiver infectada, ela vai infectar este número todo de pessoas”, explica a pesquisadora da Fiocruz Denise Valle.
Os cientistas também descobriram que este apetite aumenta justamente quando as fêmeas estão com os vírus. Uma fêmea é capaz de transmitir ao mesmo tempo a dengue e a chikungunya.
“É a questão de fazer o dever de casa. Eu digo assim, olhar o espaço como se você fosse um mosquito. Se eu tampar o meu potinho de plantas ou se eu vedar a minha caixa d’água, ela vai achar outro lugar com água. Toda a batalha se resume em você ser mais esperto do que o mosquito”, diz Denise Valle.