Se você é daquelas pessoas que passam a maior parte do dia sentadas, você está “quebrando” o seu corpo. Se você costuma ficar parado em pé a maior parte do dia, também está “quebrando” o seu corpo. Este “quebrando” é uma maneira de dizer, de forma resumida, que o corpo está perdendo suas funções, suas habilidades e sua durabilidade. E um ótimo remédio para isso pode ser a corrida.
Quando ficamos muito tempo em pé, parados, exigimos uma contração mantida (isometria) de músculos fortes como panturrilhas e coxa por longos períodos. Esses músculos foram feitos para contrações rápidas e potentes, com fases de contração e relaxamento constantes. Mesmo que consigam ser utilizados por horas seguidas (em uma maratona ou trilha longa, por exemplo), só o conseguem por conta destas fases curtas de relaxamento.
Por esse motivo, costumamos sentir mais cansaço nas pernas quando ficamos parados em pé do que quando ficamos o mesmo tempo caminhando (ou até mesmo correndo!). Nestes casos, enquanto ainda estamos em pé, o músculo se cansa tanto que faz o corpo procurar uma posição que reduza sua contração, nos fazendo adotar posturas peculiares, como travar os joelhos para trás, encaixar a bacia para frente, jogar o peso para o lado forçando o quadril, etc.
Todas essas posturas geram tensões em ligamentos, tendões e músculos de forma desequilibrada, repercutindo no funcionamento das articulações e gerando compensações diversas que podem vir acompanhadas de tensões excessivas, dores e até lesões incapacitantes.
Agora, quando ficamos sentados a maior parte do dia, o problema é um pouco diferente. A posição sentada exige que deixemos o peso do corpo distribuído basicamente na bacia e na parte posterior das coxas. Quando se usa o encosto e/ou o apoio para os pés, o peso é ainda mais distribuído.
Mas nosso corpo não foi feito para ficar assim! Numa cadeira, ficamos com um ângulo entre a coxa e o tronco de quase 90 graus, joelhos geralmente dobrados, coluna lombar retificada (isso geralmente é um problema, acreditem), entre outras pequenas variações que vão totalmente contra a nossa anatomia.
Nossos glúteos, músculos extremamente potentes, se transformam em almofadas, que sentamos e amassamos. O resultado é a anulação da função de várias estruturas, pelo molde que nosso corpo começa a fazer na cadeira, sofá, poltrona, banco ou vaso sanitário.
Se eu pedisse para você amarrar o seu braço, mantendo seu cotovelo totalmente dobrado o dia todo, pode ter certeza que de noite, ao tentar esticá-lo, vai sentir um pequeno bloqueio e necessidade de esticar e dobrar algumas vezes até que a sensação normal retorne. Isso acontece pela capacidade que nossos tecidos possuem de se adaptar às posições que ficamos.
Ou seja, se um cotovelo começa a adaptação em apenas um dia, imagine durante horas, dias, meses e anos mantendo seu corpo sentado ou em pé parado com posturas inadequadas. O resultado disso seria um “corpo quebrado”. E como consertar? Uma das ferramentas está no parágrafo abaixo.
A corrida conserta o nosso corpo. É um exercício natural do ser humano. Pode ser considerada um movimento instintivo, que usamos desde os primórdios para caçar presas e fugir de predadores. Ou seja, fomos feitos para correr e, por isso, um dos melhores tratamentos para pessoas “quebradas” é a corrida.
Mas se você passa horas do dia sentado ou em pé parado e quer começar a correr, vá com calma. Sugiro que procure orientação antes, afinal, lembre-se que você perdeu algumas funções e por isso sua corrida não será do jeito ideal. Para isso, existem os treinos educativos e a preparação prévia antes de sair correndo quilômetros sem fim.
Para correr, precisamos estar alinhados. Todas as articulações se movimentam em amplitudes fisiológicas, utilizamos músculos de forma sincronizada e com controle de intensidade, permitindo fortalecer e melhorar a resistência do corpo, para que consiga se manter dessa forma (funcional) por cada vez mais tempo, conforme treinamos. E por este motivo, seja prazeroso ou extremamente chato, corra!
Fonte: Site www.o2porminuto.com.br